Quando descobrimos uma gravidez precoce, a primeira coisa na qual pensamos é no que fazer: Abortar ou Encarar os fatos.
No início da minha gravidez, aos 16 anos de idade, procurei saber de remédios abortivos, chás e tudo mais. O medo da não aceitação era o que mais me prejudicava, havia em mim um medo da reação da minha familía especialmente da minha mãe, mesmo não sabendo qual seria essa reação.
Um dos "motivos" da minha insegurança era que eu estava começando uma fase super nova na minha adolescencia e eu não sabia se seria capaz de abrir mão dessa fase tão empolgante. Eu tinha amigos em cada esquina que eu passasse, estava na primeira semana do meu primeiro emprego de verdade, tinha um namoro estavel de apenas 7 meses e estava louca e pronta pra conhecer o mundo. Literalmente não era a hora certa de se ter um bebê.
Como qualquer outra jovem da minha idade eu estava confusa e chateada, mas bem lá no fundo eu sabia que a minha própria irresponsabilidade havia me levado à inconsequência de engravidar aos 16 anos de idade.
As únicas coisas que eu sabia eram que se eu resolvesse encarar os fatos e assumir o meu filho todos me diriam a mesma coisa que eu li na internet sobre a gravidez precoce: "Você devia ter usado caminha", "Você é uma irresponsável", "Só engravida quem quer", "Isso é uma vergonha pra nossa familia" e blá blá blá.
Mas se eu resolvesse desistir e abortar o meu bebê eu me polparia de ouvir todas essas coisas, porém viveria o resto da minha vida ouvindo o meu próprio remorço me acusar de ter tirado a vida de um inoscente.
Minha mãe criou a mim juntamente com meus dois irmãos Diogo e Thainá, lutou sozinha para dar aos filhos o que não teve, e agora eu estava gravida e nem se quer havia dado uma explicação a quem eu devo toda minha vida. Era absurdamente injusto. Mas a unica coisa que eu não precisava naquele momento era de pessoas me jugando por minha inconsequencia, pois minha consiencia já se encarregava disso!
Resolvi ser corajosa e dizer pra minha mãe logo no primeiro mês de gestação. Fui dizendo devagar, um pouquinho num dia outro pouquinho no outro dia e assim foi indo. Comentei que minha menstruação estava atrasada há 2 dias mesmo sabendo que já faziam 7 dias. Duas semanas e três semanas até que ela resolveu me levar ao médico. Fizemos alguns exames, e lá estava ele ou ela na telinha de um computador mexendo vagarosamente os bracinhos que já no segundo mês de vida começavam a se desenvolver. Eu me apaixonei por ele ou ela naquele momento. Imaginei um milhão e meio de coisas, quis chorar de vergonha do que desejei fazer com aquele pequeno ser que crescia em mim e de emoção por ter sido corajosa o suficiente para encarar as reações da minha familia.
Fiquei com medo do que minha mãe diria ou mesmo faria, afinal de contas ela é muito brava. Eu esperava o pior, porém a única coisa que ela disse foi: "É! agora vocês dois tratem de lutar porque ter um filho não é mole não!"
Mesmo apaixonada por aquela figurinha eu ainda não tinha aceitado direito, não sabia se conseguiria cuidar de um bebê, ainda tinha medo, receio e sabe lá Deus mais o que eu sentia naquele momento.
Mesmo apaixonada por aquela figurinha eu ainda não tinha aceitado direito, não sabia se conseguiria cuidar de um bebê, ainda tinha medo, receio e sabe lá Deus mais o que eu sentia naquele momento.
Quando as outras pessoas começaram a descobrir que mais alguém chegaria à familia as coisas começaram a piorar um pouco, eu comecei a ouvir aquelas coisas e acusações que não serviriam de nada, somente atrapalhariam, mas que uns e outros não deixavam de dizer. Até mesmo minha mãe disse coisas desnecessarias para o momento. Eu fiquei mais triste comigo mesma porque eu não queria decepcionar as pessoas mas já tinha acontecido eu não podia fazer absolutamente nada. E devido minha tristeza eu me sentia sozinha, perdida e sem rumo. Foi então que nasceu o amor de mãe, uma coisa inexplicável, incompreensível, sem fronteiras. Ninguém podia apontar os meus erros porque também haviam errado em algum momento. Eu sempre ajudei a cuidar dos meus primos e primas mais novos que eu, ajudei, levei ao médico, fiquei no hospital, passei poucas e boas pelo filho dos outros e ainda sim os protegi quando foi preciso. Por que agora não protegeria o meu bebêzinho que estava tão indefeso aqui dentro de mim? Meu namorado e eu resolvemos que começariamos juntos uma familia e que cuidariamos do nosso filho como quem cuida da própria vida.
Ao completar a metade do terceiro mês de gestação as pessoas que acusavam passaram a aceitar de forma incondicional a chegada de um bebê na familia. Acredito que minha coragem foi essencial para a aceitação dos familiares, minha capacidade de amadurecer com a gravidez foi inacreditavel até mesmo pra mim.
As mudanças foram acontecendo de pouco em pouco, meus conceitos mudaram, minhas atitudes e forma de pensar mudaram plenamente, descobri um mundo concertza mais belo com aquela criaturinha tão pequenininha.
Ainda no terceiro mês fiz a primeira ultrassonografia, o sexo do bebê já estaria formado, mas provavelmente não daria pra ver, era ainda muito cedo. No consultório deitada na maca senti pela primeira vez uma sequencia de movimentos como cambalhotas na minha barriga foi super gostoso. Quando o médico adentrou e colocou em seguida o aparelho na minha barriga foi direto aonde ele queria. Lá estava um bebêzinho com as perninhas abertas mostrando o pipi pra todo mundo. Ficamos todos muito felizes.
Tudo já havia acontecido, todos já haviam descoberto, eu já havia aceitado, já sabiamos até que era um menino tudo isso aconteceu em três meses.
Todas as vezes que procurei na internet algo que ajudasse a adolescente gravida, encontrei frases de condenação mostrando que por sermos adolescentes não somos capazes de criar alguém, que simplesmente por sermos pouco experientes não podemos concluir essa fase da nossa vida. Dizem que quando a adolescente engravida tudo é mil maravilhas no "nosso mundinho", depois tudo parece desabar, mas só eu e você que é adolescente e está gravida que sabemos como é o inicio de uma gravidez precoce.
A primeira fase ruim disso tudo já passou, mas e o resto? Foi só o primeiro trimestre da gravidez. Não preciso ter 30 anos pra saber que cuidar de um bebê é extremamente dificil. Não preciso de pessoas que venham me falar que eu perdi minha vida perdi minha juventude, mesmo porque ter um filho é ganhar um vida, posso ser mãe e mulher ao mesmo tempo, ninguém nunca disse que foi, é ou vai ser fácil cuidar do bebê, de mim, da casa, do papai, do trabalho. Ser mãe é a tarefa mais dificil desde o primeiro mes de gravidez que uma adolescente pode passar e é essa tarefa que a torna em mulher.
Se você está gravida e não sabe o que fazer lembre-se que eu cheguei até aqui você pode chegar também. Parece pouco tempo? Em oito meses de gestação eu estou ainda enfrentando os sinais da gravidez que são extremamente exaustivos: vômito, tontura, inchaço, dores na cabeça e na coluna, uma queimação no estomago que só não me matou ainda porque eu sei que se eu superar em um mes ela vai passar definitivamente. Enfrentei os rumores, as acusações, os palpites principalmente de pessoas a quem eu não devo nem se quer consideração, enfrentei tudo e todos e agora estou quase cruzando a linha de chegada. Meu companheiro que era apenas um namorado, agora mora junto comigo na casa que alugamos e eu agradeço a Deus por ele existir e ter um carater tão excepcional. Ele cuida de mim e do Gustavo ( nosso bebê ) como ninguém.
Minha familia ama concerteza o Gustavinho. Ele é o primeiro bisneto da minha vó, o primeiro neto da minha mãe, o primeiro sobrinho dos meus irmãos, o primeiro sobrinho neto dos meus tios e tias e meu primeiro filho. Foi muito dificil chegar até aqui, mas o primeiro sintoma da relação entre uma mãe e um filho sempre vence em primeiro lugar... O amor incondicional!